Patologias

AVC

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma condição neurológica provocada pelo entupimento (AVC Isquêmico) ou rompimento (AVC Hemorrágico) dos vasos sanguíneos que irrigam o cérebro.

É uma das principais causas de morte e incapacidade no mundo. Logo, a rapidez na identificação dos sintomas, no diagnóstico e no tratamento é fundamental para a redução da mortalidade e de sequelas graves que podem impactar profundamente a vida do indivíduo acometido.

É Importante frisar que o déficit do AVC acontece de forma súbita, chegando ao máximo em poucos segundos. Não acontece de forma lenta e gradual que progride por dias ou semanas.

Portanto, ao identificar os sinais do AVC, chame os Serviços de Emergência.

Quais são os principais sintomas?
-Perda súbita da força, "formigamento" e/ou "dormência" em um dos lados do corpo;
-Dificuldade repentina de falar ou compreender o que se fala;
-Perda visual com acometimento da metade do campo visual de ambos os olhos; Tontura ou desequilíbrio súbitos;
-Dor de cabeça intensa.

Como posso perceber se outra pessoa está tendo um AVC?
Aplique a escala SAMU, sigla do Serviço e Atendimento Móvel de Urgência e iniciais de quatro palavras que podem salvar vidas:

-Sorriso: peça para a pessoa dar um sorriso. Se a boca dela entortar, pode ser sinal de AVC.

-Abraço: peça para a pessoa te dar um abraço ou levantar os braços como se fosse abraçar. Se ela tiver dificuldade de levantar um dos braços ou um deles cair após ter sido levantado, pode ser sinal de AVC.

-Mensagem: peça para a pessoa repetir uma frase ou mensagem. Se ela não compreender ou não conseguir repetir, pode ser sinal de AVC.
-Urgente: se identificar um ou mais desses sinais, chame uma ambulância ou vá URGENTEMENTE a um pronto atendimento especializado. 

Cefaleia

Dividimos as cefaleias (dor de cabeça) em dois grandes grupos: primárias e secundárias.

Cefaleias Primárias: 

 -As primárias não têm causa identificável aparente e tendem a ser recorrentes, 90% das cefaleias são primárias e 90% das primária são enxaqueca ou cefaleia tensional;
-A dor é o principal problema; 
-A cefaleia não é um sintoma de outra doença ou condição subjacente.

 O tratamento das cefaleias primárias é norteado por duas vertentes: tratamento da crise (com objetivo de alívio imediato da dor) e tratamento profilático (visando diminuir a intensidade e frequência da dor).

Cefaleias Secundárias: 

-As secundárias apresentam causa identificável e melhoram com o tratamento da causa base (ex.: AVC hemorrágico, tumor, trombose venosa cerebral, etc.).
-Causada por tração ou inflamação de estruturas do crânio sensíveis à dor;
-Causas potencialmente graves e reversíveis quando tratadas a tempo;
-Necessita de investigação imediata e de tratamento adequado. 

É de fundamental importância que o médico saiba diferenciá-las (solicitando exames complementares quando necessário).

Distúrbio do Movimento 

 É um grupo de alterações neurológicas caracterizadas por movimentos involuntários anormais e excessivos, que não podem ser controlados pela vontade do indivíduo. Podem ocorrer de maneira episódica ou contínua, com reflexos diretos sobre a funcionalidade da pessoa.

Esses movimentos involuntários podem acometer a cabeça, o tronco, braços e pernas. Geram incapacidades de diversos graus, normalmente com grande prejuízo na qualidade de vida.

Há inúmeros transtornos relacionados ao movimento, sendo a grande maioria deles relativamente rara.
São categorizados em:

Hipocinesias

O Parkinsonismo: síndrome caracterizada por bradicinesia (lentificação  do movimento), rigidez, tremor, alteração da marcha e instabilidade postural.
Os tipos de Parkinsonismo são divididos em primários (Doença de Parkinson), secundários (ex.: induzido por medicamentos, pós AVC, etc.) e atípicos (ex.: paralisia supranuclear progressiva, atrofia de múltiplos sistemas, etc.).

Hipercinesias

Tremor:
oscilação rítmica e sinusoidal de uma parte do corpo.

Atetose: movimentos involuntários mais lentos e sinuosos, frequentemente contínuos, lembrando uma “contorção” e envolvem predominantemente as extremidades.

Tiques: são movimentos parcialmente involuntários (comportam algum grau de controle), estereotipados associados ou não a vocalizações (ex.: Síndrome de Tourette).

Distonia: postura anormal com movimentos de torção de uma parte do corpo (ex.: pescoço, mão, face, pálpebra etc.).

Coreia: são movimentos breves e irregulares, erráticos e sem finalidade e que mudam de localização (de uma parte para outra do corpo).

Mioclonias: abalos breves e abruptos de uma parte do corpo, como se a pessoa tivesse "levado um choque elétrico".

Balismos: movimentos involuntários amplos, de início e fim abruptos, que levam a deslocamentos bruscos, violentos, colocando em ação grandes massas musculares, assemelhando-se a socos, chutes ou arremessos.

Dentre as doenças mais comuns relacionadas ao distúrbio do movimento, estão:
Doença de Parkinson, Tremor essencial, Síndrome de Tourette, Blefaroespasmo.

Crise Epilépticas / Epilepsia

As crises epilépticas são desencadeadas por atividade elétrica neuronal anormal em um determinado foco cerebral.

Essas descargas podem se espalhar pelos hemisférios cerebrais (crise generalizada) ou ficar restritas a uma área (crises focais).

As crises focais podem manifestar-se com alteração da visão, da sensibilidade ou da motricidade, normalmente restrito a um único membro, com preservação da consciência (crises focais simples) ou com perda de consciência sem perda do tônus (crises focais complexas, ex.: paciente permanece em pé com com movimentos automáticos).

As crises generalizadas classicamente ocorrem com movimentos tônico-clônicos (perda de consciência com rigidez inicial e com movimentos rítmico alternados de flexão e extesão dos membros superiores e inferiores).

As crises epilépticas que se manifestam com contração muscular são também denominadas de crises convulsivas. Alguns autores utilizam os dois termos como sinônimos.

Epilepsia

A epilepsia é a doença em que ocorre recorrência das crises epilépticas.
Etiologicamente, é classificada em genética, estrutural (lesões no cérebro) e de causa desconhecida.

A investigação da epilepsia com exame de imagem é essencial para excluir lesões cerebrais como causa da doença e o eletroencefalograma para caracterizar o foco e o padrão da crise.

O tratamento é realizado com medicações anticonvulsivantes e com o tratamento da causa de base quando existente.

Tontura / Vertigem

Tontura é um termo genérico subjetivo para designar a sensação de instabilidade corporal e desequilíbrio.

Existem inúmeras condições neurológicas e não neurológicas que podem ser referidas pelo paciente como tontura (ex.: “desmaio”, perda da sensibilidade dos membros inferiores, diminuição de força dos membros inferiores, sensação de rotação - vertigem, alteração de coordenação dos membros inferiores, alteração da visão, alteração da audição, etc.).

Vertigem

É uma sensação de movimento quando este não está ocorrendo. Pode ser dividida em dois tipos: rotatória (sensação de movimento giratório do meio em relação ao indivíduo ou deste em relação ao meio) e oscilatória (sensação de desequilíbrio ocasionado por movimentos multidirecionais, como se o indivíduo estivesse em um barco em alto mar).

Causas de Vertigem

As causas podem ser de origem central ou periféricas. As causas centrais (do sistema nervoso central) são mais graves e podem decorrer de AVCs, tumores, infecções e doenças inflamatórias.

Já as causas periféricas podem ocorrem por disfunções labirínticas (“labirintite”) e do nervo vestibular decorrentes de infecções, intoxicações medicamentosas, tumores e traumas.  

Demência 

A demência é uma alteração cognitiva que prejudica a habilidade para realizar as atividades da vida diária com comprometimento da independência do indivíduo.

A esfera cognitiva mais frequentemente afetada é a memória e o aprendizado, classicamente acometida na Doença de Alzheimer (tipo de demência mais comum).

Outras alterações cognitivas também são frequentes na demência, como: alteração da atenção, da velocidade de raciocínio, do comportamento, do planejamento, da linguagem, da percepção espacial, da destreza motora para executar tarefas e da interação social.

O segundo tipo mais frequente de demência é o vascular, secundário à doença de pequenos vasos (microvasos presentes na substância branca do cérebro) ou AVCs.

O tratamento da demência vascular é preventivo, com objetivo evitar a doença nos indivíduos sãos e evitar a progressão naqueles já afetados.

TDAH

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico crônico caracterizado pela dificuldade de concentração, desatenção, hiperatividade e impulsividade.

O TDAH aparece na infância e pode acompanhar a pessoa ao longo da vida, podendo afetar a vida escolar e profissional, além do relacionamento interpessoal.

A minoria dos indivíduos acometidos apresenta características de ambos os distúrbios (déficit de atenção e hiperatividade). Cerca de 2/3 apresentam déficit apenas na concentração e foco, sem hiperatividade ou impulsividade.

Sintomas em
Crianças e Adolescentes


Crianças com TDAH frequentemente não conseguem ficar quietas e sentadas por longos períodos. Movimentam as mãos e os pés sem parar, caminham pelo ambiente, mexem em objetos, falam muito, tem dificuldade de se envolver em atividades silenciosas, são facilmente distraídas por estímulos do ambiente ou se distraem com seus próprios pensamentos.

Têm dificuldade de permanecer atentos em atividades longas e repetitivas ou que não lhes sejam interessantes.

Uma das principais queixas dos pais é o “esquecimento”, pois as crianças frequentemente “esquecem” o material escolar, o que estudaram para a prova e os recados.

Outro sintoma comum é a impulsividade, na qual a criança não consegue esperar sua vez, interrompe os outros, age sem pensar, não consegue ler a pergunta até o final e responder. Além de apresentarem com frequência dificuldade em se organizar e planejar o que precisam fazer.

O seu desempenho escolar é inferior ao esperado para a sua capacidade intelectual, embora seja comum que os problemas escolares estejam mais ligados ao comportamento do que ao rendimento. Meninas costumam ter menos sintomas de hiperatividade e impulsividade, mas são igualmente desatentas.

Sintomas em Adultos


Os adultos costumam ter dificuldade em se organizar e planejar as atividades do dia a dia, principalmente em categorizar o que é mais importante a ser feito. Inquietação, irritação, nervosismo e dificuldade em concluir atividades bastante frequentes.

Também é comum a dificuldade de avaliar o próprio comportamento, com oscilações de humor, impaciência, interrupções durante conversas, inabilidade em lidar com situações estressantes e muitas vezes, realizam ações arriscadas sem se importar com a segurança pessoal ou de outras pessoas.

A hiperatividade e impulsividade em adultos também estão associadas a outros problemas, como o abuso de álcool e drogas, depressão e ansiedade.

Dor Crônica 

Dor crônica é aquela que persiste por mais de 3 meses associada a uma lesão que já se resolveu ou a uma lesão que não se curou.

As causas incluem doenças crônicas, como por exemplo: câncer, artrose, artrite, hérnia de disco, tendinites, cefaleia tensional, enxaqueca, neuropatia diabética, neuralgia pós-herpética, fibromialgia, etc.

Quando não tratada, a dor crônica pode tornar-se uma patologia muito mais complexa que apenas o fenômeno de percepção de dor, afetando o indivíduo dia após dia, não apenas fisicamente, mas também emocionalmente, economicamente e socialmente.

A dor crônica pode afetar pessoas de todas as idades e ambos os sexos, mas é mais comum em mulheres.

Na maioria das pessoas, os processos físicos estão inegavelmente envolvidos na manutenção da dor crônica e muitas vezes associados a fatores amplificadores emocionais.

Sintomas da Dor Crônica

A dor crônica provoca frequentemente sinais vegetativos, como: cansaço. distúrbio do sono, alteração do apetite, perda ponderal, diminuição da libido, constipação intestinal, que vão se instalando gradualmente.

A dor constante e persistente limita o indivíduo podendo estar associada à depressão e ansiedade. Os indivíduos podem se tornar laboralmente inativos, socialmente afastados e excessivamente preocupados com a saúde. 

São comuns tratamentos inadequados com abuso de medicações analgésicas que ajudam a perpetuar a dor.

Tratamento

O médico responsável pelo caso adaptará a terapia à fonte da dor, podendo a pessoa receber um ou mais tratamentos (tratamento multimodal), como: uso de analgésicos, métodos físicos, tratamentos psicológicos.

Devem-se tratar as causas específicas da dor crônica.
O tratamento agressivo precoce da dor aguda é sempre preferível e pode limitar ou prevenir a sensibilização e a remodelação e até mesmo impedir a evolução para dor crônica. 

Doenças Desmielinizantes / Esclerose multipla  

Para entender melhor como essas doenças se manifestam, precisamos entender alguns aspectos estruturais dos neurônios e o que acontece com eles nesses casos.

Eles são os responsáveis por fazer a conexão entre os tecidos e órgãos do corpo com o cérebro, que envia sinais através de cargas elétricas, regulando e mantendo todo o sistema em equilíbrio.

A parte do neurônio conhecida como bainha de mielina é uma gordura (lipoproteína) que envolve a maior parte das fibras nervosas situadas dentro e fora do nosso cérebro. Ela atua como se fosse "o revestimento isolante de um fio condutor de cobre",  permitindo a condução dos sinais nervosos (impulsos elétricos) ao longo da fibra nervosa com velocidade e precisão.

Quando a bainha de mielina está danificada, os nervos não conduzem os impulsos de forma adequada. Às vezes, as fibras nervosas também são afetadas.

Quando a bainha de mielina é capaz de se reparar e regenerar por si mesma, a função nervosa é completamente restabelecida. No entanto, quando a bainha de mielina é lesionada gravemente, as fibras nervosas subjacentes podem morrer.

As fibras nervosas do sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal) não podem se autorregenerar totalmente. Portanto, essas células nervosas são permanentemente lesionadas.

Causas

A desmielinização dos neurônios podem ter várias origens e causas, como por exemplo: doenças autoimunes, distúrbios metabólicos, infecções por vírus, falta de oxigenação, deficiências nutricionais (como falta de vitamina B12), medicamentos (como o antibiótico etambutol), venenos (como monóxido de carbono), lesão ou compressão física, uso excessivo de álcool e predisposição genética.

Principais Doenças Desmielinizantes

A mais comum dessas doenças é a Esclerose múltipla (EM).

A EM é uma doença autoimune, inflamatória e degenerativa que afeta o cérebro, a medula espinhal e os nervos ópticos. É mais frequente em mulheres entre 20 e 40 anos.

Nesta patologia, o sistema imune se "confunde" e produz lesões que podem gerar sintomas na forma de surtos (sintomas que duram dias a semanas e depois podem desaparecer ou deixar sequelas).

Por exemplo, quando estas lesões ocorrem no nervo óptico temos a neurite óptica, com visão "embaçada" e dor ao mover os olhos; quando ocorrem na medula espinhal podemos ter a mielite, com "dormência", "formigamentos" e fraqueza.

Além da EM, existem outras doenças desmielinizantes, como:

Encefalomielite disseminada aguda (ADEM) e Neuromielite óptica. 

Polineuropatias

Polineuropatias são um conjunto de doenças de diferentes causas que afetam os nervos periféricos, que não se restringe à distribuição de um único nervo ou membro e, tipicamente, é relativamente bilateral e simétrica.

Algumas polineuropatias afetam principalmente as fibras motoras e outras afetam mais as fibras sensitivas. Infecções, toxinas, medicamentos, câncer, deficiências nutricionais, diabetes, doenças autoimunes e outras doenças podem causar lesão nos nervos periféricos com prejuízo no seu funcionamento.

Causas da Polineuropatia

A polineuropatia geralmente é causada pela lesão progressiva nos nervos, resultante de doenças metabólicas, como a diabetes, ou doenças autoimunes, como lúpus, artrite reumatoide e síndrome de Sjögren.

No entanto, infecções, exposição a substâncias tóxicas, e, até, "pancadas" fortes também podem causar problemas nos nervos e resultar em neuropatia. Em casos mais raros, a polineuropatia pode até surgir sem qualquer causa aparente e, aí, é conhecida como polineuropatia periférica idiopática.

Principais Sintomas

Os sintomas de polineuropatia podem surgir de repente (sintomas agudos, que ocorrem ao longo de alguns dias até algumas semanas) ou se desenvolver lentamente e ocorrer ao longo de um período (sintomas crônicos, que ocorrem ao longo de meses a anos) dependendo da causa.

Os sintomas da polineuropatia periférica variam de acordo com os locais afetados, no entanto, os mais comuns incluem dor do tipo "facada ou queimação" persistente, "formigamento" constante que vai ficando mais intenso, dificuldade para movimentar os braços e pernas, quedas frequentes, hipersensibilidade nas mãos ou pés.

A polineuropatia aguda (como ocorre na síndrome de Guillain-Barré) começa repentinamente em ambas as pernas e avança rapidamente em direção aos braços.

Os sintomas incluem fraqueza e uma sensação de formigamento ou perda da sensibilidade. Os músculos que controlam a respiração podem ser afetados, causando insuficiência respiratória.

Muitas polineuropatias crônicas afetam principalmente a sensibilidade. Geralmente, no início, manifestam-se nos pés, mas, ocasionalmente, nas mãos.

Os sintomas predominantes são uma sensação de "formigamento", perda de sensibilidade, dor e perda do sentido de vibração e de posição (saber onde se encontram os braços e as pernas).

Uma vez que se perde o sentido de posição, ocorre uma instabilidade para andar ou mesmo para ficar de pé.

Em consequência, os músculos não são utilizados, podendo ficar fracos ou mesmo atrofiados. 

A neuropatia diabética causa, com frequência, sensações dolorosas de "formigamento" ou de ardor nas mãos e nos pés. Muitas vezes, a dor piora durante a noite e pode agudizar-se pelo tato ou por uma alteração na temperatura.

A pessoa pode perder a sensibilidade à temperatura e à dor, podendo queimar-se, com frequência, e apresentar feridas abertas, causadas pela pressão prolongada ou outras lesões.